Cinzas de Carnaval

Diz a lenda que o Brasil começa depois do Carnaval. É como se o brasileiro tivesse uma existência esquizofrênica perene: o prazer dissociado da construção diária da vida. Essa máxima poderia ser diferente, já que milhões de brasileiros laboram incessante e diariamente e deveriam ter qualidade de vida, condições de trabalho, subsistência, lazer e prazer sadios e festivos, ao longo de todo ano, não apenas na catarse coletiva de quatro ou cinco dias, financiada por interesses escusos da indústria de bebidas e outras, e dos bastidores contra-vencidos das escolas de samba. Apesar disso, o Brasil emerge do Carnaval. Coincidentemente, nesses dias de cinzas, fui motivada a discutir um tema que rola na mídia, sobre o recém-lançado: “ Cinquenta tons de cinza ”, filme baseado no primeiro livro de uma trilogia best-seller do mercado editorial. Não li os livros. Não posso falar sobre eles, mas fiquei sem graça de pelo menos não ver o filme e poder opinar a respeito, ainda mais com o tempo liv...