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Ode ao meu olho esquerdo

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(a José Paulo Paes) 1. olhos são lâmpadas do corpo abrem luz para os caminhos se não iluminam o passo trôpego acendem tumulto em todo o ego deslocam vulto redemoinhos 2. ó olho que caíste em retrovisão claro estilhaço vidro dilacerante em uma quase retina por muitas mãos passastes dedos a recolher os cacos presos à conjuntiva algum estrabismo ainda lhe restou a dupla imagem do mundo espelho de si a semi realidade a quase ilusão 3. tateio, toco permeio, noto enganos aqui estou escuro refúgio inerte lentes ausentes há uma venda um véu ainda por rasgar 4. dê-me óculos por favor alinhe a órbita dos meus olhos irregulares dê-me a mão mais uma vez se assim o tolerares me guie se me amares fui quase deficiente e ainda sou 5. cuspa em minha íris dá-me tua saliva vejo homens como árvores 6. a mão que toca canção atinge a menina dos olhos