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Mostrando postagens de julho, 2018

Sombra

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Vem o dia A luz me causa Sombra inclinada Direção ao poente À frente Em mim plugada Reticente Noticia horas por vir Rumo sem pausa Mancha alada Esboço de ir. Meio-dia Se minha ou tua Tanto me confundo Sol quente Fulgurante Calor incessante Aglutina e mente Os nortes do mundo Sem sombra de certeza E a clareza ia Se esconder nua Rascunho de solitude Amiúde Rente a mim. Quase finda o dia Proclama a noite Açoite a escurar o peito Sombra em pós No jeito de não se ver Ali no espreito Bem na ré Anexada ao pé Lé com cré Mas não a vejo Percebo de persigo Persevejo Nexo de fé De amigo Que guarda o leito Em flama Ao caminhar. Agora é noite Plena sombra Sobre meu ombro Assombro No rubro e negro E grande e sobre Um transe Frio noturno Me enfurno Aparente solidão Sem saber Que estás em tudo À frente, atrás Na mente, acima Meu pé rima com tua paz em meio à sombra e tantos

Respigadeira

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A colheita já se deu Outros foram os colhentes Curvo-me Movimento pausadamente O peso de um corpo lento Marcado por poucas benesses do campo. Esforços justificam Respingos de suprimento Miro o solo Há restos a recolher Reciclar Sobre mim Um céu cinzento Anuncia alguma chuva Que ainda vai regar a terra Penetrar solos Fabricar húmus Gravidar sementes Gerar espigas novas Que outros vão ceifar E quiçá Fazer sobrar Amostras de colheita Que levo Sem vislumbrar Todo o trabalho da terra. Baseado em "As respigadeiras", de Jean François Millet, 1857. Ilustração de Pri Sathler In: FEMEAR/2014