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Mostrando postagens de julho, 2015

Da luta pela igualdade

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Assisti ao filme "Selma: uma luta pela igualdade", bela produção sobre a trajetória de Martin Luther King Jr. e seus colaboradores, numa cidade do Alabama, a favor da liberdade de exercício do direito ao voto também para os afro-americanos. O filme é um soco permanente na cara, porque faz pensar sobre os caminhos que nos levam à violência. Uns mais visíveis, porque físicos e verbais; outros, simbólicos, sutis, em pequenos atos, acordos e tramas. Uma realidade que sempre existiu e é a forma como os desumanos criam situações para a disseminação do ódio, caminhos que só se aperfeiçoam e radicalizam, desde sempre. O bom da narrativa do filme é mostrar a luta em favor da vida, de um homem consciente a respeito dos desafios de seu tempo e espaço, para não deixar que esse ódio se disseminasse nele mesmo. Para quem conhece apenas o discurso de King “Eu tenho um sonho” ou os registros dos livros didáticos a respeito de um dos maiores ativistas de direitos humanos dos EUA, não

El baile de la victoria

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Este é o título original do filme “A bailarina e o ladrão” , de Fernando Trueba, baseado em novela de Antonio Skármeta, autor também de “O carteiro e o poeta”. A trama se passa no Chile, em tempos de abertura democrática, pós Pinochet, que previu a anistia para presos por crimes não sangrentos. Neste contexto, são apresentados os dois personagens masculinos principais, em recente liberdade, um leve paralelo com o recomeço da nação chilena. Um deles, vivido pelo fantástico Ricardo Darín, é Vergara Grey, famoso ladrão de cofres, que saiu da prisão pensando apenas reconstruir sua vida com a família. “O destino vai me unir à minha esposa e filho” é uma de suas frases iniciais. Outro, o mais jovem, Ángel Santiago, retorna do cárcere pensando realizar um grande roubo planejado na cadeia. Ambos terão seus planos mudados. E a arte imita a vida com sensibilidade aqui. Grey encontra a ex-mulher e filho integrados em nova configuração familiar e fica sem norte. Santiago conhece uma

Um texto que me fala

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Viro a última capa do livro de Saramago, A maior flor do mundo. Incomum, porque livro como de criança. Ele, autor laureado com o Prêmio Nobel de 1998,  recentemente falecido, alto representante da literatura portuguesa, mundialmente importante e considerado um escritor sério. Abro mais uma vez o livro, também cheia de seriedade e interrogações. A fome de deglutir o texto ainda não me esgotou, e não consigo deixá-lo. O narrador disfarçado de escritor ou o escritor, de narrador, não sei, me inclui num jogo fascinante desde o primeiro parágrafo, em busca de uma história, que em algum tempo ele diz inventou. Tal história é suficientemente adiada pela irônica modéstia de quem conta. Vem a desculpa de não saber escrever histórias para crianças, leitores virtuais do livro. A protelação para chegar à narrativa do menino prenunciado nas imagens, a partir da capa, ainda gera a mesma doce angústia da espera prazerosa da primeira leitura. O prazer não é futuro, no entanto, já é, já f