CARRANCA
É um rio sinuoso Matas densas Escassas luzes Clareiras esparsas Esconde beleza Desfaz certeza Ressoa farsas. É preciso carranca Desbrava e franca No tronco da correnteza Escura e já salubre Vislumbrando vales Talvez Planícies pouco ligeiras Desvios de águas À procura do mar. Vou esculpir-me em madeira Imagem quase risível Despretensa, invisível Dispenso espanto Santo ou mau-olhado Rosto suado Suspenso em proa Na minha canoa. Ergo-me vaga Sorriso largo E bom ciso Aviso aos navegantes Navegar é preciso Em rumo impreciso Caminhando para o mar. Não afugento Imagináveis perigos Trago abrigo De alguma armadilha Recolho amigos De margens aparadas E verdes na estrada Desse igapará Que pouco sei Onde vai dar. Minha carranca É cara de criança É face de esperança e trança Em águas sujas de viagens Cujas mágoas das nuanças Do sal ainda por chegar Quer olhar pra frente Sem parada em mente...